Culpa.

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Eu tenho a maior dor do mundo dentro de mim.
Ela não tem rima. E nenhum verso.
E no menor vazio ela se faz gigantesca.
Talvez a perda.
Talvez a falta.
Mas que é certo daquilo que não se têm.

Eu tenho a maior dor do mundo dentro de mim.
Maior porque é única. Porque é minha.
E nenhum verso. Nenhum sorriso.
Vai mudar isso.

Rafael M. Watanabe


em terça-feira, 29 de março de 2011 7 comentários

Ponto de Fuga n°1.

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Corro para a solidão como recompensa por tudo de errado que eu fiz e faço.
Não diminui o espaço. Não afaga a falta. Mas a dor ganha um propósito.

Rafael M. Watanabe


em sábado, 19 de fevereiro de 2011 7 comentários

Um Quinto.

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Lá vem o João
e ele passa e maltrata
meu coração
                                  que bate de cara na cara do acaso
– o fracasso do querer o que não se tem
e o que não se pode querer ter

Lá vem o João
monossilábico, silencioso
misterioso pintado de guache
                                  e há quem ache que talvez eu esteja cego
e estou cego
de admiração

Porque lá foi João, levando consigo meus olhos
e um quinto daquilo que já era seu.

Rafael M. Watanabe

Nota do Autor: Pagando de poeta urbano. Divertido, pelo menos, não?


em segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011 3 comentários

Pingo


 
 Rafael M. Watanabe

Nota do Autor: Uma das minhas poucas tentativas na área da escrita "visual" (se é que isso existe). A qualidade da imagem está um pouco alterada, devido ao nosso querido blogger que, não sei o porquê, adora pixalizar a imagem um pouco, quando essa trabalha com transparência e fonte - acho.

em domingo, 2 de janeiro de 2011 4 comentários

Nem New

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Nem o tédio. Nem o cansaço. Nem o medo.
Nessa novo ano, que não é uma nova fase, mas só a repetição dos mesmos doze meses que sempre existiram – talvez porque quem os inventou não estivesse inspirado o bastante para criar mais nomes e mais meses atrativos, eu não quero isso.
Eu quero uma canção. Uma saudade. Um riso. Uma vergonha. Um drama. Um ciúme. Uma briga. Uma fofoca e uma intriga. Um olhar torto. Uma encarada. Um tapa. Uma surpresa. Um choro. Vários choros. Um abraço... Seu. Uma lembrança e motivos para lembrar.
Uma chama que nem o tempo apazigue.
Nem a distância. Nem a falta. Nem o vazio.

Rafael M. Watanabe


em sábado, 1 de janeiro de 2011 2 comentários

Raphaelle.

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Menina boba. Ela está de ouvidos tapados, apática, com os olhos fechados e a boca muda. Estarrecida e fria, de um modo quase cativante. Esconde as mãos entre as pernas, sentada – largada ao acaso. Desacreditada.
É muda, por fora – por dentro, gritante.
Não, ela não está triste. Só está cansada.

Cansada do trabalho de colher flores.
Ela quer ser colhida. Quer ser acolhida.

Ela quer uma história com um final marcante, triste, desencabeçado, pesado, sujo. Ela quer lágrimas. Ela quer se regar. Se largar. Ela quer desabar – e desabrochar em si.
Não, ela não está triste. Só está cansada.

Cansada. E só.

Rafael M. Watanabe

Nota do Autor: Confiem – o nome desse texto não tem ligação alguma com vosso querido (n) autor. Claro, é um nome que eu gosto, e foi o nome que eu já havia pensando quando comecei a escrever. Mas não liguem a história à (minha) pessoa.


em segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 2 comentários

The Foolest N°12

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Ficar aqui
nessa mesmice
pensando em você
é uma burrice  
                                            que não procede

Mas uma rima tosca, um amor platônico...
Às vezes é bom ceder ao que a vida pede

Rafael M. Watanabe


em terça-feira, 7 de dezembro de 2010 2 comentários

Ainda-Quê.

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Ainda que todas minhas músicas sejam em vão, e que todas nossas histórias sejam apenas minhas. Ainda que meu pensamento seja só, e somente só, seu, e que o seu não seja meu. Ainda que meus dias se tornem cinzas só porque eu não tive um sorriso seu, e que eu me destrua por dentro para poder manter as aparências. Ainda que você não me ligue quando eu mais quero e menos preciso, e que não me abrace como eu gostaria que abraçasse. Ainda que não pense em mim quando for dormir, e não fique ansioso como eu para nos vermos o mais rápido possível. Ainda que, para você, sejamos apenas amigos – bons amigos –, e que eu não seja aquele a quem você confia suas divergências. Ainda que eu não seja a sua prioridade, e que meus amigos reclamem sobre meu suposto afastamento deles, por sua causa. Ainda que você seja o responsável pela grande maioria das minhas atuais aflições... Eu continuarei assim.

Porque você também é o responsável pela grande maioria das minhas atuais alegrias, e eu não sei retribuir de outra forma, senão te oferecendo o que eu tenho de mais puro, singelo, e fiel – que é o que eu sinto por você.

Ainda que isso venha sob o disfarce de olhares desinteressados, despreocupação forçada e um sorriso bobo que eu não consigo evitar quando você me olha.

Rafael M. Watanabe


em sábado, 4 de dezembro de 2010 4 comentários

Neurologista.

Os Poemas de Mário Quintana para Mário Birnfeld

- E então você veio até mim?
- É, foi bem assim, mesmo. O que? Acha que eu fiz errado? Quem cuida da cabeça é neurologista, né?
- Sim. De certo modo, é.
- Então... Como resolvemos?
- Olha, nós precisamos de alguns exames, antes.
- Mais exames? Acho que eu passo mais tempo fazendo exame do que tentando resolver o problema. Sério, doutor, isso cansa. Eu acordo, dói. Eu estou tomando café, dói. Eu vou pro trabalho e dói. Eu estudo, dói. Dói o dia inteiro e toda hora. Dói, dói, dói... Aí eu fui no cardiologista e ele falou que a dor no meu coração é problema da cabeça... Aí eu vim aqui e... Dói.
- Hm...
- O que foi? Vai falar que já descobriu o problema? Aham, sei...
- O problema, talvez não, mas acho que você tá no lugar errado.
- Que? Lugar errado, como assim? Meu problema não está na cabeça?
- Sim, mas...
- E quem cuida da cabeça não é neurologista?
- Seu problema está na cabeça, mas não no seu cérebro. Quem cuida do cérebro é neurologista, quem cuida da cabeça é sensato.
- Então onde está ele?
- Na boca. Enquanto você não tirar seu problema da boca, ele não vai te deixar.
- E como eu tiro ele da boca, Doutor?
- E eu é que sei?

Rafael M. Watanabe

Nota do Autor: A imagem que acompanha esse post é um recorte de um Ilustrador – talentoso – que conheço, Salvio. Talvez eu use mais ilustrações, sem a permissão dele, aqui. Por isso essa nota. Outra coisa: caso você não tenha lido a história a qual esta está dando continuação, basta clicar aqui http://bit.ly/bdxgR1 e, bem, ser feliz. Vai deixar as coisas mais claras.


em terça-feira, 16 de novembro de 2010 2 comentários