Online.*

*O nome foi inspirado numa história que li há muito, escrita por Igor Mariano. Ela tinha o mesmo nome, e era muito interessante. O texto, essencialmente, de nada tem a ver.

online

Eu: Oi.
Ele: Oi.

Eu: Tudo bem?
Ele: Tudo sim, e você?

Eu: Acho que eu tô...
Ele: Por que? O que houve?

Eu: Hm... Umas coisas ai, que eu não consigo falar ainda.
Ele: Ah... Se importa de eu tentar forçar você falar?

Eu: Não muito, pra falar a verdade. Acho que eu já queria falar, tanto que devo ter tocado no asunto pra que você já me forçasse a falar algo que eu já quero.
Ele: Hahaha, você é estranho.

Eu: É, eu sei.
Ele: Mas, então, me conta. Estou esperando.

Eu: Nham nham... Sei lá, acho que to gostando de você. Realmente.

 

 

Ele: Há quanto tempo você vem achando isso?

Eu: Não tenho muita certeza, mas começou tem um tempinho... Era bem fraco e eu conseguia lidar com... Acho.
Ele: E por que não contou antes?

Eu: Medo. E não me pergunte de que, porque eu só sintia medo. Puro medo. Sinto, aliás.
Ele: Medo desnecessário.

Eu: Será?
Ele: Eu acho. Me perder como amigo, você não vai. Sem contar que eu também...

Eu: Eu também...?
Ele: Você entendeu. Eu também venho sentindo outras coisas por você.

Eu: Há quanto tempo?
Ele: Um pouco depois de perceber que você queria mais que minha amizade, acho.

Eu: E por que não falou nada, se já tinha percebido isso?
Ele: Não sei muito bem... Talvez porque você se empenhava tanto em não deixar isso transparecer, que eu acabei achando que você não tava pronto pra aceitar “isso”.

Eu: “Isso”?
Ele: É. “A gente”.

Eu: Nossa. Eu nem sei o que falar.
Ele: Acho que sabe. E disse isso de novo porque você quer falar, mas quer ver que eu quero que fale.

Eu: É. É isso.
Ele: Bom... Então fale.

Eu: Eu tô feliz, só isso.
Ele: HEHEHE Eu também.

Eu: E agora?
Ele: Acho que a gente espera.

Eu: Esperar? Eu queria sair correndo, isso sim.
Ele: E você ia correr pra onde?

Eu: Pra você. Pra onde mais eu correria?
Ele: Você sabe que você não pode.

Ele: Mas, então... Quando tudo isso vai acabar?
Eu: Isso o que? A gente?

Ele: Hm... Tecnicamente sim. Você sabe, tudo isso, essa conversa... Ela não existe. Na verdade eu tô online e não fui falar com você, aí, por tristeza, ou algo parecido, você começou a escrever isso num arquivo do word. Talvez esteja desesperado pra que eu perceba certas coisas mas, você sabe, eu não vou notar, porque você é bom no que faz.
Eu: É, eu sei.

Ele: Não fica triste. Lembra daquela promessa que você fez pra você mesmo. E deixa disso. E não se envergonha dessa conversa comigo não. É bom se abrir, às vezes... Ser sincero. E o que é melhor do que se abrir e ser sincero consigo mesmo?
Eu: Você acha que essa conversa vai existir um dia?

Ele: Você sabe o que eu acho.
Eu: É, seu sei... Mas eu quero que você me diga. Eu quero, sei lá, me dizer. Às vezes tenho a impressão de que quando digo as coisas pra mim mesmo elas ficam mais fáceis.

Ele: Eu acho que você quer que ela aconteça, tanto que escreveu isso pra tirar um peso da suas costas e poder falar “pronto, tá aí, chega”. Mas no fundo, você sabe que ela não vai acontecer. Que nada disso e nada dos outros textos que você escreveu, ou pelo menos pensa em escrever, vai acontecer.
Eu: Quando eu fui me tornar pessimista assim?

Ele: É complicado. Você não é pessimista. Você só está tentando ser realista, como se realismo diminuísse a dor. Mas seu realismo é, de certa forma, pessimista.
Eu: Sei lá, eu sempre pensei que se eu pensasse em várias situações que me deixassem triste, elas não aconteceriam, já que eu não prevejo o futuro.
Ele: É, e você sabe que isso não dá certo.
Eu: É... Eu sei.

Ele: Então diga, ora.
Eu: Vai fazer diferença?

Ele: Lógico que vai. Você não tá escrevendo isso tudo à toa, afinal.
Eu: Hm... Então tá. Eu sempre achei que se eu pensasse em várias situações que me deixassem triste, elas não aconteceriam, já que eu não prevejo o futuro. Só que eu acabo pensando assim com as coisas que me deixam muito feliz, também. E hoje eu estaria feliz com você... Acho.

Eu: Pronto, feliz?
Ele: Normal. Eu já sabia diso, mesmo.

Eu: E agora, o que eu faço?
Ele: O que você já vinha fazendo. Sorria. Diga que tudo está lindo e esteja sempre presente, quando precisarem. Pelo menos por agora.

Eu: E se não der certo?
Ele: Você sabe que vai dar, assim como sabe que essa fase não vai durar pra sempre, e que você vai ter ótimos momentos pela frente, com ou sem alguém. E eu nem precisava estar falando isso, já que você não se preocupa com o futuro.

Eu: Será? Você estar falando pode ser uma forma de eu querer falar e, logo, me preocupar.
Ele: Bom, aí você vai ter que descobrir. HEHE

Eu: É.

Ele: E quando for descobrir, sei que não vai ter medo de ir com a cara e a coragem. Porque você é assim, EU sou assim: nunca aprende.
Eu: HAHA, é eu sou.

Eu sou.


em sábado, 30 de outubro de 2010 3 comentários

O ex.

Sim, sou eu.

Acontece que eu não posto aqui por muito. E por muito eu não senti falta – e ainda não sinto, confesso. As coisas tomaram caminhos que eu não esperava, mas talvez isso seja o interessante, ou até mesmo melhor. Não me agrado com a ideia de saber onde tudo irá acabar, prefiro assim: ir descobrindo, e me chocando – e ME chocando. E ainda assim, perco tempo tentando descobrir o que vem a seguir. O próximo passo. O próximo ato. O próximo gesto que me dirá se devo continuar, parar, ou dar uns passos para trás.

Eu sempre disse que me importo com o presente e, somente, com o presente. Verdade é que eu tento, mas não consigo. E certamente ninguém consegue. Se você vive somente o presente e somente para o presente, está admitindo que o amanhã, talvez, não exista. E isso, mesmo que indiretamente, é uma forma de pensar no amanhã, de se preocupar com ele.

Sem contar que – vivendo todos os dias como se fosse o último – você constrói um cobertor de frustração e, quando percebe, está mergulhado nele. Ninguém estará sempre satisfeito. Ninguém terá feito tudo o que queria e poderia imaginar – praquele dia. No final do dia, o que sobre é o cansaço e a recordação daquilo que não se fez. Como se esse fosse o último dia da sua vida e – droga – você não fez tudo o que queria. Frustrante.

Por isso, parei de pensar assim há muito. Claro, não foi uma escolha consciente. Não acordei um dia, escrevi isso e disse: “Nossa, hoje vou mudar". Isso que escrevo agora foi percebido com palavras há pouco, questão de meses, e só hoje começa a tomar forma. Hoje começou a tomar forma um modo de pensar e viver que me agrada: Eu não viverei o hoje. Não viverei o amanhã. Não viverei o ontem. Eu não viverei. Eu apenas vivo. E vivo.

Eu sou vivo, estou vivo e isso é uma graça tão única e tão grandiosa.

Mais uma vez, quero lembrar que isso não deve fazer sentido, pois são coisas que nem eu mesmo tenho certeza ainda. São minhas notas mentais que resolvi ter no papel. Pode ser chato, infundado, e não adicionar nada a ninguém. Se vocês procuram algo “melhor” (não me arrisco usar “melhor” pra me referir aos meus textos, mas vocês entenderam), que cliquem em outras categorias mais atraentes como “contos”, “crônicas” e etc. Apesar de eu saber que não as atualizo há tanto tempo que de lá nada deve interessar.

De qualquer modo, tento dizer que “viver" é a resposta. Deixar que a vida seja o que ela é: vida. E a vida é formada de tantas coisas. E viver é aceitar essas coisas tais como elas são – porque se elas “são”, é porque são, e cabe a você vivê-las ou não. Sentir. Pressentir. São coisas que a vida nos dá, são coisas que formam a vida – e se você está vivo, elas formam você. Amor, ódio, ciúmes.

Não estou defendendo, aqui, o comodismo. Longe disso. Comodismo é preguiça de viver a vida. E também não estou defendendo aquela ideia de que “devemos aceitar as coisas como elas são”. Não. Não. Não.

Defendo aqui o “querer”. O querer ser ouvido, o querer ser saciado, o querer ser vivo.

Sendo prático – como deveria ter sido desde o começo –, me refiro a algo baseado no seguinte exemplo: Se você está triste por se achar sozinho, se permita sentir essa tristeza como você quer senti-la. Tire algum proveito dela até que perceba, sozinho, o quão bom era ser feliz, e fique feliz de novo.

Estou meio cansado para continuar escrevendo, e estou perdendo o fio da meada, sem ter acabado meu ponto de vista. O texto ficaria ainda mais longo, e não acho que alguém leria. De qualquer modo, só tentei dizer o que muitos já dizem a séculos, mas poucos realmente o sentem: Deixe que a vida seja – e acrescento: deixe que a vida seja, seja o que você quiser, se você quiser.

E vou parar.

Rafael M. Watanabe

PS: Queria dizer que há alguns dias passei por um momento tenso da minha vida, onde descobri coisas sobre mim e me permiti sentí-las, até ‘sentir’ que senti-las não ia me levar a nada. A mudança partiu de dentro, e isso fez muita diferença.

PS2: Em breve eu pretendo postar um texto literário, meu, aqui. Eu pretendo. Traduzindo: de certo demorarei muito e não colocarei.

PS3: Pode parecer contraditório quando digo, no começo do texto, que me pego pensando no ‘próximo passo’, e logo depois disso que, há algum tempo, venho vivendo a vida com a filosofia de que devo ‘viver’. Pois não é. Eu me referia exatamente a isso, a esse poder mutável que a vida tem. Hoje, querendo ou não, movido por outros motivos que prefiro não tratar agora, eu venho me preocupando com certos acontecimentos corriqueiros, e tendo adivinhar e perco tempo imaginando o que vai acontecer. Quando digo que ‘vivo a vida’, nesse sentido, me refiro ao fato de que me permito essas imaginações, porque – no momento que as procuro – são elas que vão me fazer sentir a vida tal como ela se apresenta pra mim.
E assim, eu descobri, por mim mesmo, que essas imaginações não me levaram – e não me levarão – a nada. E aí está a beleza: no “eu”, na permissão que eu me dei, como ser vivo, de errar – hoje – achando que estava certo no passado. Eu não reprimi nada, deixei que as coisas fossem o que elas eram e, assim, me conheci um pouco melhor – e me vivi mais um pouco.

PS4: que tipo de pessoa escreve tanto em um PS assim?

PS5: Sério, se alguém leu todo esse texto, me avise. Hei de tirar meu chapéu.


em segunda-feira, 25 de outubro de 2010 2 comentários