Bela Adormecida.

em quinta-feira, 11 de março de 2010
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          Seu nome era Bela e, por algum motivo desconhecido, passaram a chamá-la de Bela Adormecida; o que já era um começo, até porque, antes nem a chamavam. Mas, ela estava curiosa, afinal, queria saber donde partira todos aqueles comentários que perpassavam a cidade e, vejam só, eram sobre ela – que fora sempre tão fechada.
          Procurou se informar. Procurou por pessoas que pudessem passar qualquer coisa a ela e se assustou com os gritinhos de espanto que algumas saltavam, sempre acompanhados de indagações do tipo “É mesmo ela?” ou “Pobrezinha, não deve ter aproveitado a vida, ainda”, “Dizem que será em breve”.
          Ficou ainda mais curiosa – e decidida. Encobriu o rosto com um capuz – de modo que não a reconhecessem – e se passou por uma forasteira na pequena cidade. Aos poucos, descobriu que alguém andava espalhando uma história sobre ela, de que uma bruxa qualquer havia amaldiçoado a garota e que essa, em breve, sucumbiria e passaria a dormir pelo resto da vida.
          E ficou abismada ao ver que a maioria da cidade acreditava naquela baboseira.
          Parou pra pensar. Talvez, a culpa daquilo fosse dela. Sempre fechada em seu mundo, sozinha em sua casa, acompanhada de si própria em sua vida... Iria mudar aquilo.
           Ainda sob o disfarce, foi atrás do início de toda aquela história e – depois de muita pesquisa – se viu em frente a um casebre na beira da floresta.
           Não teve tempo de bater. Não teve tempo de subir a escadinha de madeira que dava acesso a casa. Não teve tempo, nem ao menos, de perceber que o homem que dera início a toda aquela história vinha escondido na sombra, segurando uma pedra. Apenas sentiu o golpe, e depois... Nada.
          Alguns dias depois, a pequena cidade no interior do país teve a comprovação da tão comentada lenda da Bela Adormecida, ao encontrar o corpo da pobre Bela, aparentemente dormindo, sobre uma cama de folhas.
          E ninguém mexeu nela. E ninguém tocou nela para perceber que seu corpo estava frio, congelado no tempo como sua alma – roubada pelo seu assassino.
Rafael M. Watanabe

5 comentários:

Juliana Cimeno disse...

E não é que a bruxa estava certa? rsrs
Você diz no seu perfil que é muito prolixo, mas nesse texto, achei muito interessante o jeito "pá-pum" de contar a história. Deixou tudo com um pitada de humor negro. "No ponto", se quer minha opinião.

Acompanharei seu blog! Gostei mesmo.

Unknown disse...

=O

Que legal! :x

Anônimo disse...

Texto intenso. E minha inveja do seu talento continua...

Letícia Nogara. disse...

eu mmmme apaixonei pelo teu blog, sssss *--------*' te segui *__*

Anônimo disse...

Olá, adorei o layout talvez já não tão novo do seu blog, passei um tempão sem postar nada no meu blog e sem ler o blog dos amigos. Mas qnd voltei me surpreendi com a qualidade do seu texto. Parabéns. :)

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